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Motociclistas são 75% das internações por acidentes de trânsito na Bahia

                          

Por Livia Veiga

Dados divulgados pela Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) apontam um cenário alarmante: mais de 260 mil internações foram realizadas, no ano passado, na rede pública brasileira, por motivo de acidentes de trânsito. Na Bahia, nos últimos 10 anos, foram mais de 141 mil hospitalizações de vítimas deste tipo de sinistro.

De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), até março deste ano, foram registradas, nos hospitais baianos, 2.215 internações de vítimas de acidentes de trânsito; enquanto em 2023, foram 15.272 casos e no ano anterior, 13.949. Quando analisada a série histórica dos últimos três anos da base do Sistema de Informações Hospitalares (SIHSUS) da Sesab, os motociclistas representam o maior volume de hospitalizações, com 34,5 mil casos, 75% do total de internações causadas por acidentes de trânsito no estado.

Em todo o país, os condutores de motocicletas também são as principais vítimas de acidentes, grupo que, só em 2023, foi responsável por mais de 141,7 mil internações. Além deles, os pedestres figuraram 39.125 das hospitalizações em 2023 por sinistros de trânsito, aponta a Abamet; enquanto os ciclistas, cujos números revelam crescimento constante ao longo da última década, passaram de 9.238, em 2014, para 15.573 internações em 2023.

Gastos do SUS

Somente em 2022, de acordo com informações da Sesab, as internações decorrentes dos acidentes de trânsito no estado representaram um custo de R$ 16,7 bilhões ao Sistema Único de Saúde (SUS) e em todo o país, por ano, são gastos com os sinistros R$ 50 bilhões, incluindo atendimento médico-hospitalar, seguros de veículos, danos a infraestruturas, perda ou roubo de cargas, entre outras despesas.

O Ministério da Saúde revela que, nos últimos 10 anos, mais de 2,2 milhões de atendimentos foram realizados no SUS para tratamento de pessoas envolvidas em acidentes graves de trânsito. No entanto, muitos custos não entram nesta conta, como: o absenteísmo por doença (falta do trabalhar por atestado ou licença-saúde), com auxílios-doença, reabilitação, além do investimento no indivíduo que veio a óbito ou que ficou inválido em idade produtiva.

Para o presidente da Abramet, Antonio Meira Júnior, a adoção de medidas preventivas, focadas na educação e infraestrutura de trânsito, que protejam, especialmente, os usuários mais expostos é uma necessidade urgente. “A campanha do Maio Amarelo deste ano questiona se realmente levamos a paz para as ruas todos os dias e como nossas atitudes enquanto pedestres, ciclistas, motociclistas e, principalmente, motoristas contribuem para um trânsito mais seguro e saudável”, pondera.

Mortes no trânsito


Ao avaliar os números de óbitos entre 2013 e 2022 (último dado disponível), é possível observar que pedestres, ciclistas e motociclistas também representam os grupos mais vulneráveis das fatalidades. Ainda segundo a Abramet, apesar de uma tendência geral de declínio nos óbitos relacionados ao trânsito, esses grupos continuam a enfrentar riscos desproporcionais, representando metade de todos os registros de óbitos a cada ano.

Os pedestres, tradicionalmente os mais afetados, viram uma redução nos óbitos de 8.220 em 2013 para 5.387 em 2022. “Apesar dos esforços das autoridades em melhorar a infraestrutura das vias, com a implementação de mais faixas de pedestres e campanhas educativas sobre a travessia segura, por exemplo, o número ainda é alarmantemente”, ressalta Flavio Adura, diretor científico da associação. Já os ciclistas seguem em meio a um cenário desafiador, com aproximadamente 1.300 mortes ao ano.

Os motociclistas, frequentemente no topo da lista de fatalidades no trânsito, mostram uma estabilidade nos números com uma ligeira redução nos óbitos. Em 2022, foram registradas 12 mil mortes, indicando a crítica necessidade de estratégias específicas, incluindo fiscalização, uso de equipamentos de proteção obrigatórios e respeito às normas de trânsito.

“Cada número representa uma vida perdida, uma família devastada. Não podemos nos dar ao luxo de ser complacentes. Precisamos agir agora para tornar nossas estradas seguras e saudáveis para todos, independente do modo de transporte escolhido”, enfatiza Adura. Para ele, o foco das políticas de trânsito deve permanecer na proteção dos mais vulneráveis: “afinal, a segurança viária não é apenas sobre veículos e estradas; é sobre pessoas e suas vidas”, conclui.

Fonte: Tribuna da Bahia
Foto: Romildo de Jesus

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