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Selic em 10,5% anima mercado e decepciona setor produtivo


Após sete cortes consecutivos, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil decidiu ontem interromper o ciclo de reduções da taxa básica de juros, a Selic . Assim, o Copom manteve os juros inalterados em 10,50% ao ano. A decisão, aguardada pelo mercado, indica uma mudança nas perspectivas para 2024, com previsão de juros mais altos comparado ao início do ano.

O destaque não foi apenas a decisão em si, mas também sua unanimidade: todos os diretores do Copom e o presidente do BC, Roberto Campos Neto, votaram pela manutenção da Selic, em meio a críticas do presidente Lula.

Na reunião anterior, em 8 de maio, houve divisão de votos: diretores antigos propuseram um corte de 0,25 ponto percentual, enquanto os novos indicados por Lula preferiram um corte maior, de 0,50 ponto. O voto decisivo foi de Campos Neto, resultando no corte de 0,25 ponto.

O mercado estava preocupado com a possibilidade de uma política monetária mais flexível com a entrada dos novos diretores, alinhados às expectativas do governo. Por isso, a decisão unânime e mais conservadora do Copom trouxe alívio aos investidores.

Em nota, o banco Itaú elogiou a decisão, classificando-a como "esperada". "Em nossa visão, esta decisão e comunicado de livro-texto, apoiadas de forma unânime por membros do Copom, deverão ajudar a restaurar a confiança no compromisso do comitê com a meta de inflação, que, certo ou errado, tinha aparentemente sido prejudicada pelo dissenso anterior", diz o documento.

Marcelo Bolzan, CGA, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital, ressaltou que as falas do presidente Lula contra o Banco Central e o presidente da autoridade monetária, Campos Neto, deixaram o mercado ainda mais preocupado com a decisão desta quarta-feira (29), no entanto, a unanimidade da decisão deve acalmar os ânimos do mercado.

"Depois dos ruídos causados na última reunião pela decisão dividida, dessa vez o colegiado chegou num consenso. Os 9 diretores votaram de forma igual. Acredito que isso foi muito importante para reforçar que as decisões foram tomadas de forma técnica e não com interferência política e assim eliminar qualquer dúvida sobre a credibilidade da política monetária.", afirmou.


Fonte: Brasil Econômico
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

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